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17 de outubro de 2007

Um Bate-Papo Informal

Paula Serrano


Fã do Rei de Portugal. País que acolheu desde a década de 1960 Roberto Carlos como filho e até hoje tem o cantor como um dos maiores ídolos. Em 2006 o Rei fez um show pra lá de emocionante, além de lotado o Pavilhão Multiuso de Lisboa, o público ovacionou Roberto durante minutos e fez com que ele voltasse ao palco e cantasse mais algumas canções inclusive o inesquecível fado: Coimbra.


Paula, como
uma Portuguesa conheceu, e gostou da obra do Rei da Música Brasileira?


Posso quase dizer que nasci a ouvir Roberto Carlos. Nessa época o Rei estava muito “na moda” em Portugal. Em minha casa, quer através da rádio, quer pelos discos que os meus pais habitualmente adquiriam, eu habituei-me desde bébé a ouvir a sua voz.
É claro que por tanto ouvir aquela voz ela tornou-se pa
ra mim muito familiar. Desde muito pequenina que Roberto Carlos era para mim como que um visitante da casa que diariamente ali entrava e me deliciava com as suas canções.

Assim, bem miúda já trauteava “O Calhambeque”, “Splish, Splash”, “Negro gato”, “Eu sou terrível”, e tantas outras.

Depois, um pouquinho mais velha, já apreciava bastante e conseguia cantar de cor “Quero que vá tudo pró Inferno”, “Parei… olhei”, “A Montanha”, “Jesus Cristo”, etc.

Um pouco mais tarde, já com os meus 15 anos (a idade do primeiro amor), já era eu que escolhia os discos e os ía comprar. Nessa época, durante a minha adolescência, agradavam-me especialmente ““Namoradinha de um amigo meu”, “Eu te amo, te amo, te amo”, “Detalhes”, “Amada, Amante”, “Café da Manhã”, “Canzone per te”, “Tudo pára”, “Emoções”…


Qual foi e qual é a influência do Roberto, no cenário Português?


Bem, nos anos 60, 70 e começos dos 80, Roberto Carlos era um dos cantores estrangeiros mais ouvidos em Portugal.

Nos anos 60, aqui na Europa, estava no seu áuge a música romântica francesa e italiana, a par da MPB de onde sobressaía Roberto Carlos.

Não havia programa nenhum da época de 60/70 em que a voz de Roberto Carlos não fosse ouvida. Lembro-me dum programa de rádio de discos pedidos, chamado “Quando o telefone toca”, em que Roberto Carlos era sempre presença habitual, muitas das vezes com mais de uma canção.

Também os bailaricos de finalistas de liceu, os aniversários dos adolescentes e outras festarolas contavam sempre com as canções do Rei. Recordo perfeitamente de dançar ao som de “Namoradinha dum amigo meu”, “Eu te amo, te amo, te ano” e tantas outras.

A partir dos anos 80 e sobretudo em 90, com a entrada em força da música anglo-americana, o Rei deixou de ser tão ouvido nas rádios portuguesas. Contudo, os seus fãs, aqueles que como eu nasceram a ouvi-lo, esses continuaram a adquirir os seus discos e a considerá-lo o Rei. Foi um amor para sempre…


Roberto Carlos gravou dois fad
os Portugueses maravilhosos que são COIMBRA e NEM AS PAREDES CONFESSO. A primeira foi em homenagem a uma cidade de Portugal, cheia de riqueza e detalhes, certo? Como é essa historia?

Bem, a cidade de Coimbra que inspirou a canção do mesmo nome é, para mim, semelhante a Roberto Carlos. É uma cidade com tanto “charme”, tanto encanto e tanta história que quem a conhece fica fascinado, não consegue resistir aos seus encantos.

A história da canção “Coimbra”, intimamente ligada a essa encantadora cidade é um pouco longa. Vou tentar resumi-la:

A mais mundialmente famosa canção de Coimbra, "Coimbra", inspirou artistas de todo o mundo desmultiplicando-se em inúmeras versões, tendo servido de mote a uma torrente expressiva que se vem desenvolvendo, em versões vocais e instrumentais, por alguns dos mais populares intérpretes, nos mais diversos tipos de interpretação musical, dos quais se destacam os do jazz e seus derivados, e os de algumas tradições latino americanas, entre outras, ao longo dos últimos sessenta e cinco anos.

A canção “Coimbra” insere-se no gênero musical “fado de Coimbra”, canção tipicamente portuguesa, que surgiu em Coimbra, na sua secular Academia (Universidade de Coimbra). Muito ligado às tradições acadêmicas da respectiva Universidade, o “fado de Coimbra” tem a originalidade de ser exclusivamente cantado por homens. Nele está sempre implícita a idéia de estudante, pois são eles que, salvo raras exceções, o cantam e tocam.

Tanto os cantores como os músicos do “fado de Coimbra” usam o trajo acadêmico: calças e batina pretas, cobertas por capa de fazenda de lã igualmente preta. Canta-se à noite, quase às escuras, em praças ou ruas da cidade. Os locais mais típicos são as escadarias do Mosteiro de Santa Cruz e da Sé Velha. Também é tradicional organizarem-se “serenatas”, em que se canta junto à janela da casa da dama que se pretende conquistar.

O fado de Coimbra é acompanhado por uma guitarra portuguesa e uma guitarra clássica (aqui chamada “viola”). No entanto, a afinação e a sonoridade da guitarra portuguesa são, em Coimbra, completamente diferentes das do “fado de Lisboa”.
A “Serenata” já existia em Coimbra, muito antes do “Fado-Serenata de Coimbra” e muito antes do Fado ter chegado a Portugal.
Sabe-se que, pelo menos, desde o século XVI, era hábito os estudantes de Coimbra cantarem noite dentro pelas ruas da cidade.

Esta tradição musical de raiz coimbrã mantém-se até hoje, está bem viva e continua, de geração em geração, a ser renovada por novas vozes e instrumentistas.

Nos anos 50 do Século XX iniciou-se um movimento que levou os novos cantores de Coimbra a adoptar a balada e o folclore. Começaram igualmente a cantar grandes poetas, clássicos e contemporâneos, como forma de resistência à ditadura de Salazar. Neste movimento destacaram-se nomes como Adriano Correia e Oliveira e José Afonso, que tiveram um papel preponderante na autêntica revolução operada desde então na Música Popular Portuguesa.

Apesar destas transformações o “fado de Coimbra” continua a ser uma canção terna, docemente saudosista, mas jovem no seu vigor, no idealismo das atitudes, na esperança de um amor realizável que se oferece, ao mesmo tempo espontâneo e elaborado, de melodia bem contornada e simultaneamente um pouco rebuscada.

O “fado de Coimbra”, que já conheceu até hoje vozes inconfundíveis que ainda ecoam e se repercutem por vielas, recantos e escadinhas, penetrando por arcos e silenciosas janelas, é sem dúvida uma das mais expressivas manifestações artísticas e culturais das gentes de Coimbra e de Portugal.

A agência Lusa de Portugal publicou certa vez que Roberto Carlos em 2006 foi um dos artistas estrangeiros que mais vendeu no País*. Existe em Portugal hoje, um sucesso brasileiro que se aproxime ao de Roberto Carlos?


Não, Roberto Carlos, dentro da música brasileira, é um sucesso único de vendas em Portugal que se estende desde os anos 60 até à actualidade.


Por que ser fã de Roberto Carlos?

Por tudo aquilo que já atrás referi - porque “nasci a ouvir o Rei”. Além de que Roberto Carlos é dos poucos artistas que tem sabido manter ao longo dos anos aquele seu jeito, aquele seu modo de estar, aquela simplicidade e simpatia, aquela sua voz que nos enibria e nos encanta.

O Rei tem magia, tem charme e tem um fascínio tão forte, tão seu que, uma vez “grudados”, é impossível “desgrudar”!...


Obs: Paula Serrano é fã de gatos também.

9 comentários:

  1. Wow adorei as fotos heheh muito interesante esta entrevista da amiga Paula acho muito legal esta seçaoi do bate papo...Felicidades Felipe

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  2. Wow adorei as fotos heheh muito interesante esta entrevista da amiga Paula acho muito legal esta seçaoi do bate papo...Felicidades Felipe

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  3. Parabéns Felipe, pela entrevista,
    Grande Abraço à amiga Paula serrano, e aos amigos de Portugal!!

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  4. É uma grande oportunidade de conhecermos um pouco mais dos amigos e fãs do Rei Roberto Carlos. Ponto para o Felipe.

    A Paula já é uma grande referência em termos de Roberto Carlos em Portugal. Com suas respostas inteligentes tornou a entrevista bem agradável. Ponto para a Paula.

    Nós que visitamos este blog, sempre saímos com a sensação de que algo de bom nos foi dado. Ponto para nós.

    Resultado: ganhamos todos.

    Um Grande Abraço,

    Fabiano Cavalcante
    www.aplauso.zip.net

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  5. Excelente idéia a de realizar estas entevistas. Muito boa a entrevista com Paula. Só faltou uma foto dela para conhecê-la melhor. Nem que fosse com um gatinho no colo.

    Sandro Rogério

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  6. Olá Lipe, foi realmente uma grande e boa surpresa, essa dos "gatinhos". Você não esqueceu que gosto muito desses pequenos companheiros que, só quem os tens, é que poderá entender como são tão ou mais dedicados e sociáveis como os cães (cachorros, como dizem no Brasil).
    Parabéns ao nosso grande entrevistador e futuro "jornalista"!...

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  7. LIPE E AMIGOS
    Paula e muito PAULA,

    muito lino todo
    parabens a o LIPE por sua entrevista tb.
    jean-baptiste

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  8. Mais uma excelente entrevista que o “Um bate-papo informal” nos proporcionou, desta vez com a minha conterrânea Paula Serrano que muito bem relatou toda a trajectória de Roberto Carlos em Portugal e que a propósito de “Coimbra” por ele cantada, nos transcreveu uma pequena história sobre o Fado de Coimbra.

    Pena que esta entrevista não tivesse seguido os parâmetros da primeira que, quanto a mim, muito a valorizou. Refiro-me ao facto de, desta vez, não terem sido inseridas fotos do entrevistado, neste caso da entrevistada, pois que, na minha opinião, as fotos do anterior entrevistado tinham a particularidade de emprestar mais realidade às entrevistas, podendo o leitor imaginar o entrevistador frente-a-frente com o entrevistado.

    Parabéns à Paula e parabéns ao Lipe por mais este presente que nos deu.

    Abraços robertocarlisticos!

    Armindo Guimarães
    Porto - Portugal

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  9. Entrevista muito gostosa de se ler. Nossa amiga Paula como sempre mostra que é uma pessoa inteligente e de bom gosto!!!Parabéns mais uma vez ao blog por nos deliciar com essas entrevistas.

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